quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O BLOG TAMBÉM É CULTURA: EXPRESSÕES POPULARES

SANTO DO PAU OCO
O ato de sonegar impostos implica em dizer que alguém está deixando de pagar ou contribuir com alguma quantia devida ao Estado, fraudando ao fisco e iludindo a lei. E os brasileiros são exímios praticantes desse lucrativo esporte de ter e dizer que não tem, de vender e dizer que não vendeu, de comprar por dez e afirmar que pagou cinco, ou em outros casos, de comprar por cinco e jurar por todos os santos que custou dez. Por outro lado, a falsificação é o ato de alterar ou arremedar qualquer objeto com fins fraudulentos, dar e referir como verdadeiro o que não é, sempre com a intenção premeditada de enganar ao próximo e tirar proveito do procedimento criminoso.
Essas duas atividades marotas nos foram ensinadas pelos colonizadores, pois naquela época eles se viam espoliados pela sofreguidão arrecadadora da Corte Portuguesa, tão necessitada de fundos para manter o luxo e a superficialidade em que vivia.
Por volta do século 18, a atividade preponderante no Brasil era a exploração de ouro e pedras preciosas. Essa mineração viveu seu apogeu, e com isso a fiscalização da Coroa Portuguesa atuava com rigor crescente, cobrando impostos altíssimos por tudo que os garimpeiros e mineradores tiravam da terra e do leito dos rios. Daí que a solução era procurar um jeito de evitar a cobrança fazendo com que o minério e as gemas passassem pelos pontos de controle e arrecadação sem serem percebidos, evitando dessa forma a tributação.
Naquela época era comum que figuras de santos fossem esculpidas em diversos tipos de materiais, e não se sabe se pelo sim ou pelo não, o fato é que os artistas começaram a realizar esse trabalho em madeira oca. E as peças entalhadas e vazias por dentro passaram a servir de esconderijo ao ouro em pó e diamantes brutos, que assim saiam das áreas de garimpagem sem os ônus dos impostos pretendidos, seguindo direto para a Europa. De lá, segundo revela o folclorista Luiz da Câmara Cascudo em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, elas retornavam ao Brasil recheadas do dinheiro falso que os espertalhões de Portugal nos mandavam.
Apesar de não haver nenhum registro oficial desse proceder , as estatuetas com abertura nas costas servem como indícios de que essa prática realmente existiu, originando a expressão "santo do pau oco", que sobreviveu à passagem do tempo e é empregada agora para identificar os hipócritas, os falsos, os mentirosos e os enganadores.
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FONTE:
Recanto das Letras
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