sábado, 7 de março de 2009

CAICÓ: BANDA DE MÚSICA E FOGUETÃO NO CENTENÁRIO DE CHICO SALVIANO

FRANCISCO SALVIANO DE ARAÚJO

Música e foguetão para comemorar o centenário do caicoense Francisco Salviano de Araújo (foto). Foi esse o pedido do aposentado do Dnocs que tem a mesma idade do órgão federal, nascido no ano de 1909. Chico Salviano completa 100 anos de vida no dia 9 de março, amanhã, mas a data será comemorada neste domingo. A família do aniversariante centenário planejava fazer uma festa em um clube da cidade para o transcurso do momento histórico, porém ele preferiu ficar em casa. Aos filhos, confidenciou que gostaria de lembrar o dia sendo acordado com uma girândola de foguetões e ouvindo um dobrado executado pela Banda de Música do município.
Respeitado o seu pedido que foi atendido, afinal o momento é exclusivamente dele, entenderam seus familiares, incluindo os sobrinhos residentes no Umbuzeiro que teriam reservado um boi para a festa. O outro pedido do aniversariante foi uma missa em ação de graças que será celebrada por seu sobrinho-neto, o padre Gerlúcio Medeiros, às 10h deste domingo, na sua casa, no centro de Caicó. O filho e netos que moram na Paraíba, além de parentes de sua mulher, viajaram de João Pessoa para a celebração e cumprimentos. Os outros filhos e parentes moram no município.

Francisco Salviano de Araújo casou-se aos 26 anos com Emízia Basilícia de Oliveira, cujo matrimônio durou 61 anos, até ele ficar viúvo aos 87 anos, em 1996. Da união duradoura tiveram 12 filhos, sete morreram ainda em idade criança ou recém-nascidos. Hoje, Chico Salviano conta 16 netos e outra quantidade igual de bisnetos, fruto dos cinco filhos vivos do casal: Evanor Salviano de Araújo, Inácio Maurício de Araújo, Adi Adélia de Araújo (viúva), José Salviano de Araújo e Francisco Salviano Filho. No início da década de 1950 começou a trabalhar como guarda no açude Itans, aposentando-se aos 70 anos, em 1979, no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), instituição federal que em outubro deste ano comemora 100 anos de fundação.

Nascido no Umbuzeiro, comunidade rural do município de Caicó, Francisco Salviano de Araújo é descendente do casal Vicentinho e Aninha, seus bisavós maternos que foram donos da localidade vizinha à fazenda Pedreira. Seus pais Salviano José de Araújo e Virgínia Ferreira da Conceição tiveram outros três filhos: Manoel Salviano de Araújo, o mais velho, de 1906; Pedro Salviano de Araújo, nascido dois anos antes, em 1907; e Maria Salviano de Araújo, a caçula, um ano mais nova, nascida em 1910. Na história da comunidade, Chico Salviano torna-se o primeiro a chegar à idade centenária, embora outros anciões do entroncamento familiar tenham morrido passando dos noventa anos de idade.

Viagens, bênção, paciência

Completar um século de vida é uma verdadeira benção para Francisco Salviano. Segundo confessou à reportagem, não existe uma receita para tantos anos. “Somente Jesus pode explicar, nunca pensei viver 100 anos”, disse. Chico Salviano não nega que foi fumante e lembra que sempre se alimentou bem. “Não posso esquecer que também gostei de farra quando era jovem e solteiro”, revela, recordando que já casado era convidado nas festas de forró e casamentos a ser o dono do botequim, ou seja, a pessoa que hoje gerencia o bar dos eventos.

Dono de uma memória invejável, conta fatos distantes no tempo. Um desses episódios, as 12 viagens que fez a pé até Natal, tangendo gado para ser abatido na capital. Foi em uma dessas viagens que ele diz ter passado por momentos de muito risco. “Eu vinha na frente e a boiada ‘estourou’, minha sorte foi ter ficado fixo, praticamente imóvel, permitindo que os bois passassem velozmente, me deixando parado no meio deles”, recorda-se, afirmando que ter paciência foi outro trunfo na sua longa vida.

Paciência e perseverança são ingredientes que nunca faltaram à sua trajetória. Em 1938, afirma Francisco Salviano que fez sua primeira viagem ao Sul de Pernambuco com seu irmão Pedro Salviano, transportando burros para usinas de cana-de-açúcar. “Meu irmão Pedro já fazia o percurso e nesse ano me convidou a ir com ele”, diz, narrando que não esperava, ao chegar no engenho, ter de montar em cada burro para mostrar ao comprador a mansidão do animal. “Havia no meio da tropa um burro pulador, mas Manoel Antônio, que era o negociador, com sua experiência deixou o bicho brabo para o final. Foi nesse minuto que o empregado gritou do alpendre da casa-grande para o café, me livrando da queda e coice”, conta.

Chico Salviano abre um leve sorriso, abaixa a cabeça e, calado, fica a pensar, para logo em seguida pronunciar, exclamando, pausadamente: “É isso mesmo...”.

E já se vão 100 anos! Segundo se constata, sua saúde é muito boa para a idade, apesar de uma cegueira e princípio de surdez, apresenta lucidez e ainda certo vigor nas coordenações de locomoção.
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TEXTO:
(Sobrinho do homenageado)
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